Realidade Alternativa
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.


Realidade Alternativa é inovação no que diz respeito a RPG e ANIME. Essa junção tem tudo para dar certo.
 
InícioInício  PortalPortal  GaleriaGaleria  Últimas imagensÚltimas imagens  ProcurarProcurar  RegistrarRegistrar  Entrar  

 

 O segundo infinito - Conto

Ir para baixo 
2 participantes
AutorMensagem
phius

phius


Mensagens : 61
Data de inscrição : 19/08/2009

O segundo infinito - Conto Empty
MensagemAssunto: O segundo infinito - Conto   O segundo infinito - Conto Empty19/4/2012, 9:43 pm

O segundo infinito


– Odeio sair atrasado. Eu sempre tentava ser um piloto prudente, andar sem pressa, mas as vezes as circunstâncias forçavam-me ao contrário, ou pelo menos era assim que eu enchergava.

– Foi o que houve hoje. Quando liguei Cat faltavam 20 minutos para eu entrar no trabalho. Normalmente levo 35 para chegar lá. Rezei para o caminho estar livre e poder acelerar. Cat adora, os demais motoristas e motociclistas nem tanto, já que acima dos 5500 rpm o som que exala seu Akrapovic duplo beira o ensurdecedor. Enfim, esperando que aquela nuvem que escurecia a manhã não me surpreendesse com forte chuva, saí apressado.

– É raro corrermos por aí no trânsito sem acontecer nada arriscado. De moto, aliás, já é comum tomarmos fechadas ou sermos alvos da barbeiragem alheia mesmo sem correr. Acelerando mais que o normal tudo fica lógicamente pior. Mas, tudo bem, pensei naquela hora. É normal, eu estava atrasado afinal, podia tirar a diferença no trânsito. Atrasos são o tipo de coisa que nos faz sentir permitidos a quebrar algumas normas de trânsito, de segurança e até ética.

– Algo me dizia pra ter cautela. Aquele dia estava diferente. Não pelas nuvens carregadas de chuva, não pelo atraso. Mas algo em mim estava diferente. Escutei... e desacelerei. Mas não o suficiente. Ainda estava com pressa.

– Saí se casa como sempre, devagar. Respeito o sono e conforto dos meus vizinhos. Mas assim que entrei na avenida expressa, acelerei. O trânsito alí estava pesado como sempre. Trafeguei praticamente o tempo todo pelo corredor que formava-se entre os carros. Normalmente eu costumava esperar o fim da fila de motos passar. É muito mais seguro porque os carros já estão alertas à presença das motos. Mas hoje, com pressa, fiz o contrário. Assim que pude entrei pelo corregor e segui acelerando na frente de todos. Por duas ou trêz vezes eu pude ver, pelo retrovisor, o susto que os motoristas tomavam quando o relativamente baixo volume auditivo gerado pelo trânsito parado era quebrado pelo som estridente de Cat. Normalmente eu ando com os silenciadores nos escapes, eu concordo com todos que eles são barulhentos demais e também me irrito as vezes. Mas quando saio assim com pressa, eu os tiro. Pra andar no corredor, o som da moto alerta os motoristas da minha iminente passagem. Mas em situações em que estou rápido demais em relação aos outro carros, como foi enquanto passei na via expressa com o trânsito totalmente parado, não faz diferença. Só me escutam após eu passar. E eventualmente assustam-se. Passei então a buzinar para alertar os carros de minha chegada. Assim também evitaria possíveis acidentes com algum motorista desatento mudando de faixa. Até então eu estava com sorte, ninguém havia me fechado.


– Após alguns minutos o trânsito começou a melhorar. Àquela altura os carros deixavam a via expressa, que em breve viraria rodovia, e seguiam pelas marginais para ter acesso às adjacentes que os levariam aos seus destinos. Em certo ponto a faixa da esquerda já estava livre e pude seguir por ela. Se conseguisse manter aquele ritmo, calculei, não chegaria atrasado. Com isso, fiquei um pouco mais tranquilo, mas ainda acelerando. Olhei para o painel, o velocímetro marcava 138 quilômetros por hora. Me assustei um pouco com o marcador de combustível, com apenas uma barrinha acesa. Mas, tudo bem, dava tranquilo pra chegar no trabalho e na volta ir até meu posto de confiança. Segui e peguei o acesso à rodovia. O trânsito no sentido contrário, dividido do que eu seguia por um canteiro gramado, estava igualmente livre a essa altura, a maioria do tráfego composto por caminhões.

– Subitamente um Fiat Punto T-Jet amarelo colou na minha traseira. Terminei uma ultrapassagem e encostei para direita, dando-lhe passagem. É sempre divertido fazer esses metidinhos comerem poeira algum tempo antes de dar passagem, mas meu combustivel era pouco e eu já estava correndo além da conta. Aquela sensação ruim que bateu em mim logo que liguei cat seguia comigo pelo caminho. O Punto passou e, quando voltei para a faixa da esquerda, a reviravolta começou. O pneu dianteiro esquerdo de um caminhão que vinha na direção contrária estourou subitamente. Logo os demais pneus travaram, o motorista deve ter jogado-se nos freios. Foi possível ver os pedaços do pneu que estourou soltando-se dele. O que se seguiu foi tudo muito rápido. O motorista perdeu o controle, o pneu estourado deve ter puxado o caminhão para o lado esquerdo, meu lado direito, no caso. Ele invadiu o canteiro e rapidamente pôs-se em rota de colisão com o Punto. Pude imaginar aquele carro virando um monte de lata amarela esmagada. Mas logo a coisa ficou pior pro meu lado também. O caminhão puxava uma carreta dupla. Eu também estava em rota de colisão com ele. Logo o caminhão invadiu minha pista. Não tenho certeza, mas o Punto parece ter safado-se, deve ter acelerado, talvez apertado o tal botão de Overbooster. Botão que normalmente usam pra se matar, hoje salvaria a vida daquele motorista. Mas eu... realmente acho que estou ferrado!

– Congelei, assombrado pela situação que me esperava. Mas, de repente, notei que as coisas realmente pareciam congeladas. O tempo parece ter parado. E é isso. Aqui estou agora. Me vejo sobre a moto, pensando na vida, revendo todos estes fatos, olhando aquele trambolho no qual vou me espatifar. Não há tempo para frear, estou rápido demais. E é aí que começo a me arrepender. É aí que começo a pensar nas infinitas possibilidades que teriam tirado-me desta situação se tivessem acontecido. Se eu tivesse ido dormir um pouco mais cedo ontem. Se eu não tivesse usado a função soneca do meu despertador que, por alguma falha, não viria a despertar-me novamente depois, fazendo-me levantar atrasado. Se eu tivesse deixado os silenciadores no escape, ao invés de tê-los tirado, entrado em casa, colocado-os em sua caixa na pequena oficina do quintal e voltado. Se eu tivesse parado na primeira faixa de pedestres para aguardar os transeuntes passar, ou se não o tivesse feito na segunda faixa logo a frente. São tantas coisas que conseguimos pensar a essa altura que chega a ser enlouquecedor. E é tudo, claro, inútil. Nada posso fazer a essa altura.


– E o principal não é nada disso. Se eu estivesse aos 110 quilômetros por hora permitidos naquela via, nada disso teria acontecido. Aliás, teria sim, provavelmente. Mas eu não estaria alí, estaria longe. Iria pegar o congestionamento causado por esse acidente, mas não faria parte dele. Mesmo se ali estivesse, pela distância da qual me vejo do caminhão agora, eu creio que teria como desviar. Frearia o possível e depois desviaria pelo canteiro central. Passaria perto do caminhão, mas não bateria. Talvez até caisse, ia ser difícil manter-me sobre a moto, com seus pneus de rua, na grama alta e no chão esburacado do canteiro central. De qualquer forma, teria evitado a colisão com o caminhão que acho que vai ser bem, bem pior. Na boa... acho que já era!


– No fim, então, eu entreguei a minha vida pra em troca não ouvir uma pequena puxada de orelha do meu chefe. Se pensarmos bem, não importa o motivo. Essa coisa de correr pra chegar mais rápido é uma tolice sem tamanho! Veja, pois, se eu estivesse na velocidade máxima da via, já estaria a 110 quilômetros por hora! Isso é absurdamente rápido. Nossas motos e carros já nos permitem atingir velocidades impossíveis de se atingir sem essas ferramentas, não? E a gente ainda acha que precisa de mais... tolice! Mas é tarde pra concluir isso. Será que é por isso que tudo ficou assim, congelado? Pra eu sentir remorso? Pra me arrepender e sentir o amargor de não poder fazer nada? Talvez... talvez não.


– Ops... Há algo diferente agora... estou descongelando! O tempo lentamente... voltou a passar! Então era isso mesmo? Tudo ficou parado só pra me machucar mais? Não... Algo diz que devo cair... Mas claro que vou cair! Não... não é isso. É outra coisa... manda eu cair... antes? É aquela velha voz, intuição, “alguém”, sei lá, preciso dar um nome pra essa coisa! Mas ela me pede que... Cara... Espero que funcione!

...

A colisão era iminente. As pessoas que seguiam atrás de Ivan e Cat já viam a sua morte. Uma mulher chegou a tampar os olhos de seu filho que, em contravenção, estava sentado em seu colo no banco do passageiro dianteiro. Mas Ivan reage rapidamente à situação. Ignorando totalmente as boas práticas de uma frenagem segura e eficaz, ele larga o freio dianteiro, que chegou a pressionar com vigor por um breve momento, e enfia o pé direito no pedal do freio traseiro. Com o peso da moto todo deslocado para a frente, a roda traseira facilmente trava. A moto morre. Ops! Pensa Ivan. Mas não importa. Com grande esforço – em uma frenagem como essa o guidão fica bem pesado – ele esterça ligeiramente o guidão para a direita, ainda com o pé afundado no freio. A traseira de Cat desloca-se para a esquerda, a moto parece andar de lado por um ligeiro momento. Ela derrapa... e joga-se bruscamente ao chão, Ivan, lógicamente, vai junto. Ambos caíram, e agora, resvalando-se no asfalto, seguem rapidamente em direção ao caminhão.


Maria, a mulher que tampou os olhos do filho para que este não visse a colisão, agora tampa os próprios, enquanto seu marido, Jorge, freia seu Chevrolet Astra. Cair não fez com que a velocidade de Ivan e Cat diminuísse muito. Ambos deslizam em rota de colisão com o caminhão, que atravessa a pista.

– Eita! – Exclama Jorge.
– Bateu? – Indaga Maria, ainda cobrindo seus olhos e os de seu filho. Este tentando tirar-lhe a mão dos olhos, mas sem sucesso.
– Não. Mas... nossa! – Exclama, enfático. – Ele sumiu debaixo do caminhão! Olha olha! A carroceria pulou! – Maria tira a mão da frente de seus olhos, e observa espantada. Jorge continua – Puta merda, esmagou o cara. Pai do céu! Que Deus o tenha!

Seguem-se sons de uma sequência de batidas. Parece uma capotagem. Não é possível ver o que é, o caminhão está na frente. Ambos pensam ser a moto, mas Jorge desconfia que não. Foi esmagada pelo caminhão, deve estar logo alí parada já. Pensa. De repente é alguém que vinha na mesma direção do caminhão se chocou de alguma maneira. Mas ele não vê nada estranho na outra pista. Maria expira com pesar.

– Esses motoqueiros... – Comenta.

O caminhão finalmente para. O veículo do casal, e outros que seguiam, também. Jorge rapidamente tira seu cinto de segurança e abre a porta do carro.

– Vou ajudar! Espere aqui, segure o Marquinhos aí!

O motorista do caminhão sai do veículo e corre, sumindo atrás dele, na visão de Maria. Deve ter ido ajudar o motoqueiro, ela pensa. O mesmo faz o passageiro, mas antes, ao dar a volta pela frente do caminhão, esbarra-se em um homem que parece ter surgido do nada. Vestido com roupas estranhas, coladas ao corpo, que parecem engessá-lo, e com um capacete na mão, ele clama desesperado por ajuda.

– Ajuda! Ajuda! – Ele grita, largando seu capacete no chão – Pelo amor de Deus alguém chame o resgate!

Ele se vira e some novamente do outro lado do caminhão. O passageiro que nele se esbarrou vai atrás. Maria fica esperançosa. Talvez o motoqueiro ainda esteja vivo! É só um cair que já brotam dez pra ajudar!


Jorge corre até a frente do caminhão, de onde é possível ver o outro lado. Para repentinamente. Parece assustado. Procura algo nos bolsos rapidamente e depois volta correndo até seu carro.

– Maria, dá o celular! – Indaga, enfiando a cabeça pela janela.
– O motoqueiro tá vivo? – Maria fica assustada, mas esperançosa.
– Quem? Não, não sei! O carro está todo espatifado! – Ele responde rapidamente, pegando o celular.
– O que? Carro? Que carro?

Jorge não responde, pega o celular, sai da janela e corre novamente em direção à frente do caminhão, para dar a volta e seguir para o outro lado, enquanto disca para a emergência. Maria esboça sair do carro para ver o que acontece, mas hesita. Não quer dar a seu filho tão novo o possível vislumbre de um homem esmagado no chão. Mas... que carro? Não tinha carro! Pensa. Talvez alguém tenha batido no caminhão do outro lado da pista. Ela então olha para a direção oposta, tenta procurar algo. Mas nada vê. Tudo está ocorrendo realmente do outro lado do caminhão.


Jorge desliga o celular, após falar com o serviço de emergência, relatando-lhes o acidente e sua localidade. Já era o sétimo, entretanto, a ligar para o 190. Pouco antes de chegar até os destroços do que parece ter sido um carro um dia, ele para repentinamente. Observa toda a situação e começa a se lembrar dos momentos anteriores ao acidente. Passou um carro voando... e depois uma moto. Pensa. Aí o caminhão do outro lado freou, fritou pneu, perdeu controle e invadiu o canteiro. O carro passou... Jesus amado, o carro não passou! O caminhão deve ter batido nele... e depois o cara da moto. Nossa! O cara da moto! Ele então vira-se e observa a moto em questão caída ao lado do caminhão. Nenhum curioso próximo dela. Nenhum corpo. Vira-se novamente e, 20 metros à sua frente, os restos de um carro espatifado envolto de curiosos e de alguns que tentam ajudar seus passageiros. Então foi o carro que fez aquele barulhão. O carro que passou antes da moto. Conclui. Ele observa que dentre os 7 ou 8 que tentam acalmar os passageiros do Punto destruído, presos às ferragens, há um homem vestido peculiarmente. Uma mulher se aproxima dele e o retira dalí. Ele parece bastante nervoso, bem mais que os demais. Caminha junto da mulher em direção à moto no chão. Jorge então se aproxima deles. Sua roupa, agora ele nota, parece roupa de corrida, pensa. Feita de couro, preta, azul e branca, justa ao corpo. O logo da Yamaha bordado no peito. Braços e pernas ralados. Jorge aproxima-se mais para falar com ele, mas a mulher que tentava o acalmar se adianta e adverte:

– Ele acabou de passar por um estresse muito grande. Por favor deixe-o.
– Claro, claro... Ele está bem? Não era ele na moto?
– Sim, era eu. – Responde Ivan – Passei por debaixo do caminhão, mas não fui atingido.

Jorge fica estupefato. Ele se vira para voltar até seu carro enquanto os dois seguem em direção à moto.


– Qual seu nome? – Pergunta a mulher.
– Ivan. Obrigado por me ajudar. E o seu? – Ele olha para trás para assegurar-se de que estão agindo devidamente com os feridos no carro.
– Deixe-os lá, esfrie sua cabeça. Meu irmão é bombeiro e está ajudando, sabe como proceder. – Diz interrompendo Ivan, pousando a mão em seu ombro e fitando-o com um olhar suave e calmo.
– Que bom – diz Ivan, aliviado. Ele para, vira-se e, olhando para o nada, prossegue – Se eles tivessem acelerado, teriam passado pelo caminhão antes de bater... mas acho que no susto devem ter freado e o choque os...
– E eu me chamo Monique. Muito prazer, Ivan! – Ela o interrompe, enfática. Ivan volta a olhar para ela e, levando a mão a cabeça, desvia o olhar novamente.
– Ah, me desculpe! Eu... – Replica, embaraçado.
– Tudo bem – Ela diz, com um belo sorrizo no rosto, curvando-se para colocar-se na vista de Ivan novamente.

A beleza estonteante de Monique distrai Ivan por alguns segundos. Ela também permanece olhando para ele por algum tempo. Ele vira-se, então, para sua moto, observando os estragos. Desculpe Cat... e obrigado por salvar minha vida!

– Que moto é essa? – Pergunta Monique, tentando puxar assunto ao notar o desânimo de Ivan.
– É uma Yamaha MT-03, 660 cilindradas. Eu a chamo de Cat. – Responde, esboçando um sorriso.

Ambos são interrompidos pelo som das sirenes. Os bombeiros e o resgate finalmente chegam. Eles observam-nos passar. Monique prossegue.

– Cat? Um gatinho manso? Ou um tigre feroz?
Ivan agaixa, preparando-se para erguer Cat, antes de responder.
– Ah, nenhum dos dois! Cat vem de Caterpillar. Sabe? Aquela fabricante de tratores? – Diz, olhando para ela, mas tentando puxar a moto.
– Sei. – Ela responde, com um olhar bastante calmo.
– Pode me ajudar a levantar? – Ivan faz força para levantar Cat mas, cansado, tem dificuldade.
– Não – Ela responde, surpreendendo Ivan.

Ivan agaixa novamente devolvendo Cat ao chão, ainda segurando-a, com a cabeça virada para o lado mas olhando para o nada. Sabendo o que Monique está por fazer, ele então baixa um pouco a cabeça e cede à tristeza e ao medo, cede às emoções as quais, com tudo aquilo, queriam brotar em lágrimas em seus olhos, mas que ele não permitiu até agora. Ela agaixa-se também e o abraça carinhosamente, confortando a cabeça dele em seu ombro.

– Ivan, relaxa... Deixa o stress sair de você. Você tem muita sorte de estar vivo, eu vi passar debaixo do caminhão. – Ela diz, sua voz soando como uma carícia. Ivan finalmente se solta, algumas lágrimas escorrem.
– Não foi sorte. Foi segunda chance.



Os socorristas iniciam o resgate dos passageiros do Punto, enquanto um outro certifica-se de que Ivan está bem, fazendo-lhe um exame rápido. Em alguns minutos os bombeiros, lançando mão de algumas ferramentas especiais de corte, conseguem tirar o casal dos restos do carro despedaçado. Estão feridos seriamente, mas vão sobreviver.

Após algum tempo, o irmão de Monique chega até ela e Ivan. Ele o ajuda a erguer a moto e a coloca apoiada no cavalete lateral, que não quebrou com a queda. Monique ofere carona à Ivan para ir embora, mas ele recusa, prefere esperar virem buscar Cat. Ele pede o celular emprestado, liga para o serviço da seguradora e o devolve. Ela o dá novamente.

– Pego de volta outro dia – Diz, sorrindo. Ela se despede e parte.

Ivan, então, senta-se ao lado de Cat. Finalmente, depois de tanto caos, pode refletir sozinho, embora preferisse que Monique ficasse, se pudesse.

– É a segunda vez que conheço uma mulher tão linda e doce em uma situação tão trágica#. – Pensa Ivan. – Não sei se estou atraindo pessoas boas ou fatos ruins... talvez os dois. O fato é que pelo menos dessa vez a responsabilidade foi totalmente minha. Todo mundo, inclusive o cara do Punto, vai botar a culpa no caminhoneiro. Claro que a responsabilidade pelo estouro do pneu é do caminhoneiro, mas e o resto? E eu a 140 quilômetros por hora e o Punto à 160? Este, aliás, se me chamar pra testemunhar em algum processo judicial, vai se arrepender! Embora ele já tenha pago caro pelo erro, muito mais que eu... É mesmo... É triste como algumas coisas só aprendemos quando já é tarde demais, só quando sentimos na própria pele. As vezes somos tolos demais pra aprender com os erros dos outros, acho que é isso. Mas a Monique tem razão, eu tive muita sorte mesmo... pra ter agora minha segunda chance. E provar pra mim mesmo que não sou tão tolo assim.


Fim.
Ir para o topo Ir para baixo
Ksara
Admin
Ksara


Mensagens : 84
Data de inscrição : 27/05/2009
Idade : 38

O segundo infinito - Conto Empty
MensagemAssunto: Re: O segundo infinito - Conto   O segundo infinito - Conto Empty20/4/2012, 11:11 am

Ai, que agonia Phius! Não gostei não u.u
Quando acontece algum acidente eu olho pro outro lado, tenho pavor! +.+
Fora pelos que quase passei e pelo que infelizmente não tive como evitar...

Mas voltando... O texto inteiro passa a tensão do personagem e a espera para saber o que vai acontecer e depois saber o que houve de fato...
Agonia do começo ao fim, mas gostei muito do contexto, não tenho como negar que instiga a continuar lendo até o fim.

Deixe-me esclarecer melhor ^^
Eu gostei da narrativa, gosto quando a leitura me prende e me faz vivenciar o sentimento da situação.
O que não gostei, foi vivenciar o sentimento “dessa” situação XP
Não é uma situação que eu ou qualquer outro queira vivenciar...
Porém, isso não quer dizer que não seja importante e enriquecedor ler textos assim, que dão “aquela sacudida” em relação à cidadania e bom senso, principalmente quando diz respeito ao trânsito.

“Conscientização” Essa é a palavra!
Acho que encontrou seu estilo literário Phius ^^

Parabéns pelo ótimo conteúdo!
Posta mais ^^
Beijos.
Ir para o topo Ir para baixo
http://www.realidadealternativa.net
 
O segundo infinito - Conto
Ir para o topo 
Página 1 de 1
 Tópicos semelhantes
-
» Mundos - Conto do Phius

Permissões neste sub-fórumNão podes responder a tópicos
Realidade Alternativa :: UNIVERSOS :: RPG :: O canto do Bardo-
Ir para: