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 ~Destino Inesperado~ Contos I ao IV

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Ksara
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MensagemAssunto: ~Destino Inesperado~ Contos I ao IV   ~Destino Inesperado~ Contos I ao IV Empty22/3/2012, 7:41 am

Oi ^^
Estou escrevendo "Destino Inesperado" com personagens baseados em RPG.
É para ter poucos contos, se eu conseguir me conter XD
Irei colocar a seqüencia aqui, conforme for escrevendo.
Por favor, acompanhem e deixem seus comentários a respeito.
Segue a primeira parte:

Conto I
Acerto de Dívida
Cá estou, aguardando o julgamento em praça pública, como se todos já não tivessem ciência do desfecho...

Não temo a morte. Vivi cada instante, mais do que intensamente. Lutei até ontem por meus ideais e não me arrependo, mesmo que isso tenha me guiado até este momento.

Ainda consigo rir com a lembrança das feições, ao descobrirem que a “Peste”, que os atormentou por tanto tempo, era a mirrada criatura que sempre fizeram o possível para ignorar ou repudiar. Saber que não fazem idéia do que estão fazendo, me reconforta um pouco.

Só tenho a agradecer por ter conservado toda minha sagacidade em meio a tanta ignorância. Claro que nem sempre pensei assim... Quando cheguei aqui, tudo me irritava de tal forma, que não podia ser diferente meu final. Teci minha própria forca e estou satisfeita. Fiz mais em minha curta vida, do que eles farão em toda a eternidade.

Tenho acima de tudo fé, não em algo único e superior, mas fé de que em alguma geração muito a frente desta, meus feitos sejam lembrados com o devido valor... E quem sabe até me martirizem por isso. Seria maravilhoso ver a cara que fariam ao ver seus descendentes me admirarem.

Minha mãe de criação queria que eu me casasse com um velho para que me aceitassem... Nunca subestimem orelhas pontudas, não fazem idéia do que podem provocar nas pessoas. Dizem que eu não sou humana, chamam-me de Elfa, com desdém... E tenho que admitir nunca ter visto outro ser como eu.

Ser diferente sempre foi muito difícil. Não posso indignar-me de minha situação atual, pois cheguei a ansiá-la em outros tempos... Evidente que já me recuperei disso... E claro que se eu pudesse viver mais alguns anos não reclamaria. Mas somente se pudesse viver da forma que vivi até hoje, sem mudar sequer uma vírgula.

Na verdade, talvez tenha uma vírgula... Parando para pensar em algo que tenha me tirado o sono no passado... Mesmo que só por uma noite... Foi quando conheci um jovem rapaz, há quinze anos... Não que eu tenha contado os anos, mas lembro-me como se fosse ontem... Era primavera, os galhos das jabuticabeiras estavam brancos de flores, nós trombamos as montarias numa curva e ele me encarou no chão... Claro que foi ele quem caiu. Encarou-me com um olhar afetuoso e um sorriso no rosto que me confundiu já no primeiro instante.

Aparentava ter uns quinze anos. Seus olhos eram castanhos e de uma profundidade que eu jamais vira antes. Suas roupas pareciam ter acabado de ser tecidas. Seu cabelo, negro, emoldurava o rosto pálido e cativante. Era estranho... O que alguém assim fazia naquela estrada?

“—Posso saber o nome de quem me prostrou ao chão? — Disse ele ainda com o sorriso no rosto.”

E eu, sem pensar, deixei cair do outro lado de minha montaria, parte do tesouro que havia tomado emprestado sem previsão de devolução para fins dignos. Pisquei para ele, soprando-lhe um beijo e disparei, ouvindo o som da cavalaria ao fundo.

Pegaram-no e ele nem tentou fugir, ingênuo. Disse ser inocente e pensou que não precisaria temer mal algum. No dia seguinte ele estava preso à correntes em praça pública. Não posso dizer que pensei que ele fugiria, na verdade não pensei em nada naquele momento. Afinal não importava quem ele era, pois eu já comprovara que ninguém que rondasse por aquela estrada merecia algo melhor...

Estranhamente, dois segundos depois de tê-lo deixado, senti algo novo que me perturbara violentamente. Algo que nunca sentira antes, ao incriminar assaltantes de beira de estrada ou ao tirar o devido proveito dos bens de usurpadores, porque eu fazia a minha parte, mantendo quem merecia, mesmo que merecesse pouco, vivo e livre. Senti... Culpa. E não gostei disso. Era uma coisa horrenda que enchia meu peito de dor a ponto de tirar-me o fôlego... Decidi que não poderia viver com esse sentimento.

Ao meio dia, no pico do sol do dia vinte e sete de setembro, quando estavam prestes a lhe tirar o chão para que enforcasse, eu o alvejei no peito. A praça estava cheia aguardando seu enforcamento, não conseguiram localizar de onde vira a flecha certeira, que lhe atingiu o coração... Na verdade quase o coração, mas isso era algo que só perturbava a mim naquele momento.

Confusos, alguns ainda queriam enforcá-lo, outros pediam que o colocassem na gaiola para ser devorado pelos corvos...

Nunca entendi por que a multidão fica tão indignada quando retiram o dinheiro dos usurpadores. Os mesmos usurpadores que os matam por não pagarem seus tributos. E ainda assim não se perguntam de onde vem o dinheiro que aparece milagrosamente, em frente a sua porta, na véspera do vencimento da cobrança.

Enfim, decidiram deixá-lo acorrentado ao tronco central da praça, para que sangrasse até a morte. Uma ótima escolha, a meu ver. Apesar de preferir à gaiola e de achar desnecessárias as correntes.

Eu vestia minha capa maltrapilha, que garantia passagem despercebida pela multidão acalorada. Poucos dispersaram, a maioria precisava vê-lo dar seu último suspiro.

Os Regentes observavam, enojados, o alvoroço da multidão, sinto que se pudessem, encontrariam um jeito de entreter o povo em suas próprias casas, para não terem de aturá-los e nem as suas vontades.

Ele gemeu de dor e meu peito se encheu de aflição. Esse sentimento já deveria ter se dissipado há essa hora, por que ainda persistia?

Não havia muitos vigias armados com bestas, uma vez que se tratava do enforcamento de um inocente, aparentemente sem conhecidos na ilha. Certifiquei-me mais uma vez, medindo a altura e distância das árvores e pilares próximos. Falhar não era uma alternativa.

Tinha pouco tempo. Mas estava a poucos passos de meu objetivo, na verdade a poucos saltos... Agradeço ao meu pai de consideração pela bota, que dizia ser mágica, uma raridade de fato, conquistada em suas viagens além-mar... Saltei sobre a árvore próxima ao tronco e pendendo o galho, consegui o impulso de que precisava, para em outro salto chegar ao pilar lateral.

A atenção de todos voltara-se para mim. Os pilares mediam exatamente seis passos de altura e tinham mais seis passos entre si. Fiz então o meu terceiro salto.

Quando os regentes viram o amontoado de panos, que era eu, pousando sobre o pilar frontal da praça em um salto, há três passos ou um salto deles, sua repugnância foi o suficiente para a ordem de disparo das bestas.

Neste instante, meu palco estava armado e todos estavam onde deveriam. Conquistei a atenção da multidão já em meu primeiro salto, que os levou a acompanhar-me, agora já estavam em volta do pilar, gritando e blasfemando. Escapei dos virotes no último segundo avançando sobre os regentes e pousando já com o sabre em punho.

Há anos eu esperava por aquele momento. Esquivei das lâminas dos protetores, cortei com meu sabre a corrente que prendia o tão cobiçado medalhão de Sr. Klouth e o impulsionei para minha mão. Voltei em outro salto para o pilar frontal e saltei para trás com todas as minhas forças, escapando de mais uma saraivada.

Pousei sobre o tronco no centro da praça, com a multidão distante à minha frente. E como esperado, o rapaz estava desacordado. Desci quebrando as correntes. Observando-o, esqueci-me das bestas e acabei sendo alvejada... Senti meu ombro e o meio das minhas costas. Assoviei e em dois segundos, Farpas, meu leal cavalo pampa, estava lá.

Saímos dali com dificuldade, mas aos poucos extinguimos a possibilidade de nos alcançarem. Farpas era o cavalo mais rápido da ilha. Levou-nos para a floresta, numa cavidade na montanha, que eu já havia preparado antes de ir atrás do rapaz. Amarrei, abaixo e sobre o ferimento dele, com firmeza, quebrei a ponta da flecha que o atravessara e a retirei cuidadosamente...

Não queria feri-lo desta forma, mas não havia outro jeito de evitar seu enforcamento e definitivamente, apesar de minha visão ter sido sempre excelente, ainda não tinha dominado minhas habilidades com o arco.

Enfim, tomei um gole e lhe dei o que me restara de um remédio milagroso, mais uma das coisas deixadas para mim pelo meu pai e supliquei para que desse certo. O líqüido, inacreditavelmente, era capaz de cicatrizar ferimentos em segundos. Não demorou muito para ele recobrar a consciência. Mas não recebi sua gratidão... Como eu já esperava, no momento em que ele bateu os olhos em mim, sem nem se dar conta de sua roupa empapada de sangue, saiu correndo desenfreado. Nunca mais o vi e nunca mais me libertei de seus olhos aflitos nos meus.

E o resultado do meu julgamento... Culpada, claro! Não que eu negue as acusações... Talvez esse tenha sido o julgamento mais justo de todos os tempos.

E lá vou eu. Eles nem ao menos fingem, o julgamento nem tinha começado e o carrasco já estava ao meu lado.

—Espere. — Digo pela primeira vez receosa. — Não cubra minha cabeça. Passei a vida me escondendo atrás de um chapéu e um véu, deixe-me ser eu mesma na morte.

—Se assim prefere. — Diz o carrasco com sua voz rouca e frouxa.

Certo... Acho que este foi o meu último desejo. Não me resta nenhum trunfo. Agora falta pouco e a única imagem que me vem à mente, é o rosto ressentido do rapaz... Chegou a minha hora...

Ouço um piado tão alto e intenso que parece atravessar minha cabeça. Pareceu-me um piado de águia, mas que tipo de águia teria pulmões tão fortes... Todos olham para o céu, mas só é possível ver a luz do sol. Seja lá o que for, tem a cobertura do sol.

Ouço o barulho da corda rompendo e algo me agarra pela cintura. Estou confusa... Deveria sentir medo? Só estou sentindo o vento e as garras em minha carne... É uma águia gigantesca... Talvez essa seja uma maneira melhor de morrer... Meus olhos pendem, não posso mais agüentar a dor... Um último suspiro...


Última edição por Ksara em 11/7/2012, 3:10 pm, editado 4 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: ~Destino Inesperado~ Contos I ao IV   ~Destino Inesperado~ Contos I ao IV Empty22/3/2012, 9:32 am

Uau! Vamos lá.

Primeiro, vou falar do português. Primeiro porque, IMHO, um bom português faz, no mínimo, 50% de uma boa história. Segundo porque o seu está ótimo e me da suporte para comentar sobre ele.

Visshhh, matou a pau!

Fiquei bastante impressionado pelo seu domínio do português. Ué, eu nunca tinha lido um texto seu assim e desconhecia seu domínio. Infelizmente é algo que impressiona hoje, encontrar alguém que domina a língua materna com maestria quando, na verdade, todos deveriam. Mas, de qualquer forma, eu admiro muito isso, um texto bem escrito dentro das regras da gramática. Muito mesmo. Adorei. Até detalhes normalmente esquecidos, como o pretérito mais-que-perfeito, você domina muito bem. O tempo verbal pretérito mais-que-perfeito é o tipo de coisa que as pessoas acham que só tem em texto bíblico, mas na verdade é uma regra gramatical importante quase sempre esquecida. Parabéns. No que tange o português, no máximo você tem que se acertar um pouco com o uso da vírgula. Mesmo assim, se fosse pra dar uma nota, eu daria, de 0 a 10, qualquer coisa acima de 10. xD

Só por aí já valeu os 20 minutos de trampo assassinados. xD

A história então, nem se fala. Me cativou como poucos, como Dan Brown, conseguiram fazer até hoje. Estou em dúvida se a águia é um predador ou salvador, ainda mais pelo que o título sugere, portanto aguardo a continuação caso a águia seja mesmo um salvador!

Mais uma vez parabéns.


Última edição por phius em 22/3/2012, 10:13 am, editado 2 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: ~Destino Inesperado~ Contos I ao IV   ~Destino Inesperado~ Contos I ao IV Empty22/3/2012, 9:55 am

Obrigada, Phius!

Eu me esforço bastante para escrever corretamente o/
Que bom que gostou da história, já estou escrevendo o segundo conto.

Eu aprecio muito os comentários a respeito do que escrevo, amadureci meu Português, estilo de escrita e as histórias em si desta forma. Mas o que mais me enriquece referente aos comentários, é ter um rápido retorno do que minhas historias causam em quem as lê.

Enfim, agradeço de coração o tempo dedicado a leitura e o comentário ^^

Beijos.
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MensagemAssunto: Re: ~Destino Inesperado~ Contos I ao IV   ~Destino Inesperado~ Contos I ao IV Empty22/3/2012, 9:22 pm

Me da aula de portugues???

Ficou muito bom a historia e que pena que não consigo dominar tão bem a lingua materna
Me deixou sem palavras!!

FICOU PHOD#!!!!
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MensagemAssunto: Re: ~Destino Inesperado~ Contos I ao IV   ~Destino Inesperado~ Contos I ao IV Empty23/3/2012, 5:44 am

^^ Oi, Chokito.

Aula o.O Sem exagero. Meu português é básico u.u
Melhor não elogiarem tanto, vai que eu acredito XD
Agradeço por ter lido.
Que bom que gostou, continue acompanhando. ( marketing Wink )
Vou tentar postar o próximo conto ainda esse fim de semana.
Beijos.
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MensagemAssunto: Re: ~Destino Inesperado~ Contos I ao IV   ~Destino Inesperado~ Contos I ao IV Empty23/3/2012, 8:09 am

Ô Gabi, peraê!

Tudo bem ser modesta, mas nem sendo modesta seu português é básico rs.

Seu português é excelente. E aula não é um exagero, seu português bota o de muito professor aí no chinelo (uma vergonha - não pra você lógico, mas para o sistema). A única diferença é que pra ensinar a gente tem que saber porque se faz assim ou assado. Eu, por exemplo, aprendi lendo e escrevendo, estudando gramática foi bem pouco. Portanto, embora meu português seja satisfatório, não sirvo pra ensinar.

Anyway, seus nível só se obtém com muito estudo ou muita muita muita leitura e redação (embora não pareça, aprender lendo e escrevendo é mais difícil que estudando gramática diretamente).

Permitam-me transmitir um pouco do que aprendi com um dos caras mais sábios que conheci até hoje:

A modéstia, embora seja algo valorizado nos dias de hoje, atribuída à humildade, costuma ser um sentimento ruim! A modéstia nos inibe, nos enforca, de comemorar os feitos resultantes de nosso esforço, nosso suor. A verdadeira modéstia está em reconhecer precisamente suas qualidades e defeitos, e não só os defeitos. Very Happy

Lutar karatê foi só um pouquinho do tanto de coisas que aprendi com o Shihan Oséas.

Parabéns de novo! Esperamos ansiosos pelo próximo conto.

Edit: Fiquei até inspirado pra terminar o meu. Está há uns 2 anos sem eu nem relar nele... comecei em 2007. Quem sabe agora não consigo terminar Very Happy
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MensagemAssunto: Re: ~Destino Inesperado~ Contos I ao IV   ~Destino Inesperado~ Contos I ao IV Empty23/3/2012, 9:02 am

O quê que é isso Phius?
Que puxão de orelha foi esse amigo +.+

Não é questão de modéstia, não. É sinceridade mesmo u.u
Eu escrevo bem, mas se levar para alguém que tenha uma faculdade de letras, baseado em regras gramaticais e concordâncias, apontará muitos erros, com certeza...

Sem levar em consideração que ainda escrevo e sempre escreverei na norma antiga...
Ou pelo menos até ter meus pequenininhos, porque aí terei de ajudar e vou ter de aprender essa macega que fizeram com a nossa língua.

Não é segredo que sou uma pessoa desmemoriada, fato u.u
Não consigo decorar as regras...
Mas leio muito, muito mesmo e também escrevo muito...
Assim, minha base de português é de vivência em leitura e escrita.
Ou seja, português básico u.u

E aula é exagero mesmo XP

Mas agradeço de coração os elogios.
Isso, sem dúvida, me inspira a continuar escrevendo ^^

Beijos.
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MensagemAssunto: Re: ~Destino Inesperado~ Contos I ao IV   ~Destino Inesperado~ Contos I ao IV Empty23/3/2012, 10:08 am

Goomen, Gabi-san. Não quis dar um puxão de orelha rs, por favor perdoe-me se assim pareceu.

Não quis fazer parecer que sua modéstia é forçada, daqueles que a forçam pra ter imagem de humilde (o que chamam de falsa modéstia). Sei que é absolutamente sincera. Foi por isso mesmo que transmiti o ensinamento do meu mestre. Porque a modéstia que nos enforca é justamente a sincera, a que até no nosso íntimo nos faz crer que somos inferiores ao que realmente somos. Falsa modéstia, que não é o seu caso, não enforca porque no íntimo o falso modesto se acha o bom (independente de ser ou não).

A modéstia sincera é um sentimento nobre, mas que nos reprime.

Enfim, a minha real intenção com o post anterior foi de complementar meus elogios ao seu conto e seu português. Não tenha dúvidas de que um estudante de letras ficaria tão impressionado quanto eu, mesmo se encontrasse erros.

E, sobre as novas regras, pode ficar tranquila. Pra nós, Brasileiros, mudou pouquíssima coisa. Mudou pra caramba mesmo foi pros demais países lusófonos. A intenção com essas novas regras foi de fato aproximar o português deles do nosso.

Seu português é bem melhor que o meu, e olha que eu me acho bom. XD

Amanhã pretendo lhe mostrar os manuscritos do meu conto (que ainda não tem um nome adequado, só um provisório) e aí a gente troca idéia. Não vou perder a oportunidade de sugar um pouco do seu conhecimento XD
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MensagemAssunto: Re: ~Destino Inesperado~ Contos I ao IV   ~Destino Inesperado~ Contos I ao IV Empty23/3/2012, 10:54 am

Nossa! Que gentileza da sua parte.
Não me senti ofendida de maneira nenhuma Phius, só estava me justificando.
É permitido para os amigos puxar a orelha, quando é para o nosso bem ^^

Vou fugir um pouco da referência ao meu texto agora, depois eu puxo a minha orelha por fazer isso... rs... Mas eu admiro muito a diplomacia do nosso circulo de amizades, não é a primeira vez que vejo, neste fórum, alguém justificar-se, mesmo não tendo dito nada agressivo, somente para não haverem dúvidas a respeito de suas palavras.
Muito gentil da sua parte. Obrigada mais uma vez.

Adoraria ler seus manuscritos, vou cobrar Wink

Beijos.
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MensagemAssunto: Re: ~Destino Inesperado~ Contos I ao IV   ~Destino Inesperado~ Contos I ao IV Empty26/3/2012, 8:45 am

Queria ter mais comentários, mas fazer o quê... T.T
Aí vai o segundo conto:

Conto II
Dívida de Gratidão
É como se eu estivesse acordando de um pesadelo... Sinto meus olhos pesados, abro com esforço... Sinto um carinho em meu rosto... É um sonho bom... O vejo ao meu lado. Parece real... Está diferente, aparenta a idade que deveria ter hoje, mas como isso é possível? Será este o sono da morte? Eu morri afinal. Nunca acreditei que haveria outro mundo... Um mundo melhor para onde iríamos depois da morte... Mas se acreditasse, seria exatamente assim que eu o teria idealizado...

—Você está bem? — Pergunta a voz gentil, que há tanto tempo perguntara o meu nome.

—Não se preocupe! Fruto da minha idealização... — Digo tentando absorver a idéia.

Receosa, toco levemente o seu rosto... É extasiante. Parece surreal demais. Ele sorri intrigado. Digo impregnando meu sentimento nas palavras:

—Não seria esse um último sonho, precursor da morte, seria? Somente um delírio decorrente de um assunto inacabado? Porque se for, suplico que me permitam permanecer aqui... Infinitamente.

Sua expressão muda ligeiramente, demonstrando surpresa e admiração. Apóia-se do meu outro lado, inclinando-se a minha frente e aproxima-se mais de meu rosto... Uma sombra cresce sobre nós... Desvio o olhar involuntariamente e vejo... É a águia gigante vindo em nossa direção.

—Não é possível! — Exclamo desvencilhando-me dele, levantando num salto.

Ponho-me à sua frente instintivamente. Levo minhas mãos para trás, a procura de meus sabres... Lembro-me que foram retirados de mim quando fui capturada, mas... Nesse momento sinto-me viva, como se...

—Calma! — Diz ele tranqüilo, segurando o meu braço. — Deixe-me lhe explicar!

Verifico os cortes das garras em minha camisa... O ferimento desapareceu. O observo aturdida e descrente. Ele parece calmo demais. A águia se aproxima mais, parece piscar entre o real e o imaginário, pulsando se transforma em uma águia de tamanho normal e pousa no ombro dele.

—Que tipo de delírio é esse? — Pergunto aturdida.

—Isso é real! — Afirma ele. — Esta é Mihari. — Diz afagando a ave. — Mas antes de eu lhe explicar, quero lhe agradecer e dizer que agora enfim estamos quites. Só fiquei sabendo o que fez para me salvar, depois de já ter partido daqui. Não consegui parar de pensar em você, desde então. Tentei por muito tempo lhe encontrar...

—Isso é algum tipo de magia? Quem é você?

—Desculpe. Não nos apresentamos. Sou Taumor. Filho de Moltior Arga, de Cálishim. — Diz imponente.

—Eu estou viva? — Digo aturdida. — Cálishim? — Digo ainda perturbada. — Fica além-mar? Desconheço qualquer coisa fora desta ilha. De qualquer forma, Sir Taumor, agradeço por ter, literalmente, me tirado da forca e peço o seu perdão por tê-lo colocado nessa situação a princípio. Também sinto muito se o deixei com algum sentimento de dívida para comigo, pois tendo o colocado na forca e depois o tendo tirado dela... Não me devia isso. Eu estou em dívida agora.

Seu olhar e sua postura mudam instantaneamente. O observo intrigada.

—Por favor, diga-me que estava sendo sincera há pouco? — Diz galante. — Ainda sinto seu toque em meu rosto e o seu olhar parecia o reflexo do meu naquele instante... E se for isso mesmo, acabo de recuperar todo o tempo que perdi lhe procurando.

Suas palavras soam comedidas, mas assim mesmo me inquietam. O pulsar acelerado do meu coração me incomoda.

—Por que me procuraria? — Pergunto intrigada.

—Porque me salvou e porque precisava revê-la. — Diz enfático.

—Não compreendo. Eu não o salvei, apenas o libertei das correntes em que eu mesma o prendera. E o olhar aflito que me lançara? Teve medo de mim e não gratidão. Acredite! Ainda carrego esse olhar na lembrança. — Digo sentida.

—Claro, sua memória élfica deve assegurar sua lembrança. — Diz para si mesmo.

—Agora vai caçoar de mim? — Olho em volta e não reconheço o lugar. — Onde estamos? — Pergunto inquieta.

Parece ser uma clareira na floresta. Ele me olha com estranheza. A águia, que até então estava em seu ombro, retorna ao céu.

—Estamos do outro lado da floresta. — Diz ele alheio ao que está dizendo. — Por favor, acredite! Eu a estive procurando e a salvei por tudo o que tivemos no passado. — Termina a frase com insinuação na voz.

—O que quer dizer com isso? — Digo incomodada. — Nós não tivemos nada no passado!

Ele se aproxima e toca o meu rosto. Poderia tê-lo impedido, mas quero olhar em seus olhos uma última vez. Ele realmente parece ser aquele garoto, mais velho. Talvez com alguns problemas de memória...

—Você me salvou afinal. — Diz afetuoso.

—Está confuso. — Digo enfática, afastando sua mão do meu rosto. — Não houve nada entre nós... Além de sua quase morte pelas minhas mãos. Sinto, se lhe fiz pensar o contrário.

—Perdoe-me. Não quis ofendê-la. — Diz sincero. — Mas...

—Está certo. — Digo interrompendo-o. — Agradeço novamente pela minha vida. Fico em dívida e quando eu puder retribuir... Irei!

Seu olhar não parece o mesmo, apesar de tudo... Está diferente... Mais entusiasta talvez. Atrai-me de forma desconcertante, mas não é hora de admirar, sem dúvida... Odeio essa reação que ele causa em mim e mais ainda o fato de está-lo afastando, mas algo me diz que preciso fazê-lo. Obrigo-me a desviar meus olhos dos dele e começo a caminhar em direção a floresta.

—Desculpe, mas... Não tens para onde ir! — Diz ele com soberania e um sorriso provocativo no tom de voz.

Detesto admitir, mas é verdade. Quando me capturaram, devem ter tomado a minha casa. Minha mãe de criação já falecera há anos e todos sabiam onde a “Elfa” morava. Mas não sabem sobre meu esconderijo... Sim, ainda tenho para onde ir, antes de, enfim, desaparecer de uma vez desta ilha.

—Para que lado fica a cidade? — Pergunto autoritária.

—Não pode voltar para lá. — Diz ele preocupado e irritado ao mesmo tempo. — Irão terminar o que começaram.

—Para que lado fica a cidade? — Pergunto ignorando-o.

—Por favor, não faça isso. Posso buscar os seus pertences quando anoitecer.

—Preciso partir agora. — Digo firmemente. — Se realmente se importa, diga-me para que lado fica a cidade.

Ele me observa desacreditado.

—Está bem. — Diz ele. — Vou com você. Preciso assegurar-me de que não tive todo esse trabalho em vão.

—Isso não será possível! — Digo mantendo-me firme. — Tenho assuntos a resolver antes de deixar definitivamente esta ilha e vou fazê-lo sozinha. Como já disse, agradeço sua ajuda, mas não temos nada um com o outro e...

—Tem uma dívida de gratidão para comigo! — Diz altivo. — Ou não irá honrá-la? — Conclui com o sorriso provocativo novamente.

—Nada tem a dizer de minha honra. — Digo visivelmente ofendida. — Eu estava lá quando precisou e estarei se precisar novamente... Ou sugere que eu o siga até que precise do meu auxílio? Devo lembrá-lo de que minha melhor atuação foi colocando-o em perigo e não o tirando dele...

—Não acredito em sua ameaça. É mais um sinal de defesa do que de qualquer outra coisa. — Diz com o maldito sorriso provocativo no rosto.

Observo atentamente ao redor. Ando em sua direção, contando os passos. Ele desvia o olhar de meus olhos e aproveito esse segundo para sacar a adaga da bainha em sua cintura. Salto para cima dele e o derrubo de bruços. Baixo sobre ele e puxando seus braços para trás, ajoelho-me a sua volta, pressionando seus braços contra seu próprio corpo. Com minha mão em sua testa, levanto a sua cabeça e posiciono a adaga em sua garganta.

—É bom ver que tirou o maldito sorriso do rosto, meu caro. — Digo altiva.

—É melhor me soltar... — Diz com certa dificuldade.

—E por que eu faria isso?

Sinto uma dor lancinante, enfraqueço sem conseguir reagir e tudo se esvai...


Última edição por Ksara em 30/4/2012, 8:57 am, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Arriégua! Tá massa!   ~Destino Inesperado~ Contos I ao IV Empty27/3/2012, 7:57 am

Não tenho mais o que comentar, seria repetitivo. Apenas tenho ainda mais certeza de tudo o que eu disse até agora. A história está ótima, ainda mais cativante. Ruim apenas é o fato de eu ter de esperar pra poder ler o resto dela! xD

Então aguardo, ansioso.

Obrigado pela prazerosa leitura que nos proporciona!
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Chokito

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MensagemAssunto: Re: ~Destino Inesperado~ Contos I ao IV   ~Destino Inesperado~ Contos I ao IV Empty27/3/2012, 10:49 am

Pior que eu tenho que concorda com Phius,
ser repetitivo é chato pakas^^
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Ksara
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MensagemAssunto: Re: ~Destino Inesperado~ Contos I ao IV   ~Destino Inesperado~ Contos I ao IV Empty28/3/2012, 12:39 pm

Agradeço muito por estarem acompanhando ^^
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phius

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MensagemAssunto: Re: ~Destino Inesperado~ Contos I ao IV   ~Destino Inesperado~ Contos I ao IV Empty28/3/2012, 5:33 pm

Ksara, já pensou em publicar suas história num livro ou algo do tipo? Você tem potencial, ficava famosa rapidinho.

Duvido que alguém que leia diga que não gostou.

(E o fizer e começar a ganhar dinheiro, 50% é meu, ok? Ora, pela idéia!)
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Neo

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MensagemAssunto: Re: ~Destino Inesperado~ Contos I ao IV   ~Destino Inesperado~ Contos I ao IV Empty28/3/2012, 8:56 pm

Bom já que todo mundo falou da grafia e se esqueceu de comentar o conteúdo, vou me ater a ele.
A história é cativante e envolvente, os personagens são marcantes e é clara a influência "RPGistica" na história, gostei muito da "elfa" por este ar swashbuckler justiceira, acho que ela ainda vai aprontar muito.
O Taumor (ainda não me acostumei com esse nome, não sei pq), parece ser aquele típico personagem que vc não dá nada e derrepente ele te surpreende, ainda não entendi este súbito envelhecimento dele, mas acredito que haverá uma explicação futura.
Agora sem dúvida alguma a personagem mais intrigante é a Mihari, quando ela apareceu eu disse olha lá alguém bancando o Gandalf evocando águias gigantes, mas quando ela "encolheu" e pousou no ombro do Taumor eu pensei pera aí, águias gigantes fazem isso? Fui até consultar o Livro dos Monstros...e se ela não é uma águia gigante então o que ela é? O que ela está fazendo com o Taumor, que dentre todos parece o ser único "normal"?
Resumindo a história é fantástica, a grafia excelente, só tá faltando um Samurai Ruivo pro enrredo ficar perfeito!
Parabéns Tsuki, e posta logo a continuação!
Beijo,

Neo.
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MensagemAssunto: Re: ~Destino Inesperado~ Contos I ao IV   ~Destino Inesperado~ Contos I ao IV Empty29/3/2012, 11:46 am

phius escreveu:
Ksara, já pensou em publicar suas história num livro ou algo do tipo? Você tem potencial, ficava famosa rapidinho.
Eu já pensei em publicar sim, Phius.
Não que eu tenha expectativa de fama, mas quero ter um livro meu, para mostrar para os meus futuros pequenininhos ^^


phius escreveu:
(E o fizer e começar a ganhar dinheiro, 50% é meu, ok? Ora, pela idéia!)
50% O.O ... nem pensar u.u ... talvez eu possa dividir o prejuízo XD

Neo escreveu:
O Taumor (ainda não me acostumei com esse nome, não sei pq)
Oi Ni \o/
Demorou pra aparecer u.u
E Taumor é um bom nome u.u


Neo escreveu:
Agora sem dúvida alguma a personagem mais intrigante é a Mihari
Sem comentários sobre a Mihari, por enquanto...

Neo escreveu:
O que ela está fazendo com o Taumor, que dentre todos parece o ser único "normal"?
Nem tudo o que parece é, meu caro Wink

Neo escreveu:
só tá faltando um Samurai Ruivo pro enrredo ficar perfeito!
Samurai não pode XP
Estou escrevendo uma história de fantasia medieval, porém crível u.u
Acredite Ni, só é plausível neste mundo doido em que vivemos, uma Swashbuckler dividir a história da sua vida com um Samurai e ainda assim só acredita quem nos conhece ^^
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MensagemAssunto: Re: ~Destino Inesperado~ Contos I ao IV   ~Destino Inesperado~ Contos I ao IV Empty18/5/2012, 10:17 am

Conto III
Ajuste do destino
Abro os olhos e já anoiteceu. Algo está prendendo o meu pescoço e as minhas pernas. Meus braços estão dormentes, esticados para trás. Estou presa em uma árvore. A floresta é fechada aqui. Há uma fogueira acesa, mas não há sinal de ninguém além de mim... Como vim parar aqui? O que aconteceu? Meus braços começam a latejar, não devia tê-los forçado, a corda está muito apertada.

Ouço um estalo vindo do lado direito da mata, está próximo. Observo, mas não consigo ver nada amarrada assim. Num vislumbre, percebo duas pequenas esferas amarelas se aproximando. Será isso a morte? Uma mistura de sonhos e pesadelos... Tento mover meus braços novamente, mas acabo gemendo de dor com o latejar... E as esferas amarelas, que antes se aproximavam indiferentes, fixam-se como se me observassem...

Aperto meus olhos para tentar ver pelo canto do olho, na penumbra... Parecem... Olhos... Um lobo... É um lobo enorme. Subitamente começa a mover-se depressa. Está vindo em minha direção. É o meu fim... Novamente? Qual a possibilidade de tudo isso ser imaginário? Continuo tentando soltar-me, mas a corda está muito apertada. A dor me parece bem real.

Ele para subitamente, arrastando as patas ao chegar em baixo da copa da árvore. Com as quatro patas no chão, tem a minha altura. Encaro-o e tenho que engolir as batidas do meu coração. Ele caminha lentamente, espreitando-me. Expõe as presas e rosna num tom sufocante. Fecho os olhos e aguardo impotente o desfecho previsível. Sinto sua respiração mais próxima...

Ouço um assovio e abro os olhos, assusto... Bato a cabeça na árvore ao tentar me afastar. O lobo está com o focinho quase encostado em meu rosto... Mas se fosse me morder já poderia tê-lo feito... Vejo meu reflexo em seus grandes olhos... Cativa-me... Novamente ouço o assovio e o lobo desvia seus olhos dos meus. Vejo turvamente em seus olhos, voltados para trás da árvore, o reflexo de um homem. Provavelmente quem assoviara. O lobo olha em meus olhos e afasta-se lentamente, saindo do alcance da minha vista.

—Acordou querida? — Diz uma voz grave, desconhecida.

Sinto um toque deslizar por uma mecha do meu cabelo. Tento me afastar e bato a cabeça na árvore novamente. Tento olhar, mas está fora do meu campo de visão.

—Quem é você e o que quer? — Pergunto aturdida.

—O que quero? — Diz a voz rude e irritada. — Quero o que... Quem você chama de pai... Roubou de mim. Só quero o que é meu!

Meu pai... Ouço os passos pesados marcando o tapete de folhas que forra o solo. Ele conhece o meu pai... Ele se põe a minha frente e apóia na árvore ao meu lado. É um homem estranho... Ele tem que olhar para cima para me encarar, consegue ser mais baixo do que eu... E eu sou a menor pessoa adulta que já conheci. Sua barba cobre quase todo o rosto e o que sobra expõe rugas saltadas, deve ser bem velho, mas não parece ter a fragilidade da idade avançada... Não que eu seja a melhor pessoa a julgar uma idade avançada, mas eu sou diferente e algo me diz que esse homem também é...

—Só pode ter havido algum engano senhor. Meu pai não era um ladrão, era somente um simples pescador e já pereceu há muitos anos. — Digo tentando entender a situação. — Posso ver que não mora na ilha, então também não posso tê-lo roubado, uma vez que nunca saí dela. Liberte-me e o ajudarei a encontrar quem procura.

Ele ri ferozmente. Esse homem é um louco... Como vim parar aqui? Como vou sair daqui?

—Acaso não estamos falando a mesma língua? — Diz sarcástico, deslizando sua mão em uma mecha de meu cabelo novamente. — Não importa o que diga, não vai escapar de mim. — Diz intimidador. — Eu quero o que é meu e só vou sair desse fim de mundo quando conseguir.

—Não sei do que está falando. — Digo sinceramente perturbada. — Então me diga o que quer?

Eu preciso me soltar. Isso não pode acabar bem...

—Está brincando comigo? — Diz ele irritado novamente. — Cansei de conversa.

Ele saca uma adaga larga da cintura. O som do desembainhar me arrepia. Ele se aproxima e a encosta em meu pescoço.

—Não a mate! — Diz outra voz masculina desconhecida, que parece exaurida, vinda de trás da árvore.

Quem poderia ser...

—Cale a boca! — Diz o baixinho mais irritado ainda. — Não vou matá-la, ainda. Só vou arrancar o que preciso dela.

Agora são dois. Mais o lobo, que parece obedecer ao baixinho. Talvez fosse melhor ter morrido da primeira vez, na forca... Ou este é o meu castigo... Passar a eternidade à beira da morte...
Mas se estou viva, onde estará Taumor? Como vim parar aqui?

—Diga-me Seifyriem... — Diz o baixinho, soprando o meu nome ao apertar a lâmina em meu pescoço. — Diga-me onde está?

Sinto escorrer pelo meu pescoço e a julgar pela dor e o cheiro de ferro... Este homem está realmente disposto a me matar. Ele sabe meu nome... Ninguém aqui sabe ou se lembra de meu nome. Terá conhecido mesmo o meu pai? Mas como? Se eu ao menos soubesse o que ele procura...

—Não sei do que está falando! — Digo enfática, com dificuldade.

—Não me faça crer que realmente não sabe, assim não será mais útil para mim. — Diz fazendo lentamente outro corte, do outro lado do meu pescoço. — Posso encontrar por mim mesmo, nem que tenha que matar um por um nesta ilha.

—Está realmente tentando me persuadir a falar? — Digo instintivamente, me arrependendo logo em seguida. — Não me importo com mais ninguém nesta ilha.

—Nem com Taumor? — Diz ele insinuativo.

Meu coração parece parar por alguns segundos, voltando a bater com uma respiração profunda. Esse nome me causa tudo isso? Começo a ver uma cena em minha mente... Taumor me entregando para este homem, disfarçando a voz e intercedendo por mim há pouco...

—Taumor! É você aí atrás? Seu... Traidor! — Digo mecanicamente, ainda visualizando a cena.

Sinto um corte em meu rosto. Volto-me para o baixinho, que está mais vermelho que o normal.

—Não vou perguntar novamente, insolente! — Diz ele espumando pelos cantos da boca. — Se precisar matá-la, irei fazê-lo com prazer.

Ele crava a ponta da adaga em minha garganta, ranjo os dentes para conter o gemido. Não tenho muitas alternativas, preciso pensar rápido... Ou vou morrer aqui...

—Não vou lhe dizer onde está! — Digo sem convicção. — Nunca!

Espero que ele morda essa isca...

—Não! — Geme a voz vinda de trás da árvore.

O baixinho novamente ri ferozmente. Não parece ser a voz de Taumor, nem disfarçada... Então quem é? E o que quer?

—Eu disse que a orelhuda sabia onde estava. — Diz o baixinho satisfeito. — Agora vejamos, quanto tempo irá durar o seu... — Ele arregala os olhos. — Nunca!

Ele pode ter capturado Taumor e eu o estar culpando sem saber...

—E então, minha cara! — Diz o baixinho encarando-me. — De qual orelha você gosta mais?

Ele direciona a adaga para a minha orelha esquerda.

—Não será necessário! — Digo com tormento na voz. — Eu o levarei até o que procura.

—Ela não sabe de nada. — Diz com esforço, a voz vinda de trás da árvore. — Eu sei onde está! Eu o levarei até lá.

A voz soa exaurida. Seja quem for, deve estar ferido. Mas quem pode ser?

—Agora diz que sabe onde está? — Diz o baixinho irritado. — Não! — Grita ele. — Somos somente eu e você! — Diz me encarando.

—Quem é o homem atrás da árvore? — Pergunto intrigada.

—Esse lixo não será mais necessário. — Diz ele raivoso. — Ele deveria ter trago o mapa, mas me trouxe somente mais dores de cabeça.

Então é um mapa o que ele quer...

—Então... É mesmo o Taumor atrás da árvore? — Digo especulativa.

—Não! Sua tola! — Diz impaciente e irritado. — Taumor foi minha forma de chegar até você. Esse idiota foi necessário para trazer Taumor até você.

Que sujeito difícil... Será um conhecido de Taumor atrás da árvore? Usado para chantagem...

—E não pense que preciso lhe contar meus planos ou coisa parecida, só fique calada. — Diz o baixinho impaciente.

Ele se aproxima e solta à corda que prendia meus braços suspensos, eles pendem frouxos ao lado de meu corpo, doem muito. Tento erguê-los para afrouxar a corda que prende o meu pescoço, mas eles não respondem aos movimentos com exatidão. É imprudente tentar reagir agora...

—Não! Não vá! — Geme novamente a voz vinda de trás da árvore. — Ele vai matá-la assim que conseguir o que quer...

—Ela não tem escolha. Cale-se! — Diz o baixinho.

Ele parece praguejar, mas são palavras que não compreendo. Amarra minhas mãos na frente de meu corpo. Solta a corda do meu pescoço e o sangue escorre dos cortes, mas estranhamente a dor parece diminuir. Se Taumor foi chantageado, onde estará agora?

—Vamos! — Diz o baixinho impaciente.

Tento me mover, mas caio de frente no chão.

—Minhas pernas... — Digo com dificuldade.

Estou zonza e meu corpo lateja. Meus ferimentos são graves, não consigo levantar.

Ele resmunga mais algumas palavras ininteligíveis e solta os meus pés. A julgar pelo tamanho das pernas, eu poderia correr mais do que ele, mas não consigo correr, sinto-me muito fraca... Ele baixa para soltar o nó da corda, que não conseguiu puxar para cima. Arrasto-me para trás, devagar, talvez seja possível... Esbarro em algo... Paraliso e ouço o rosnado. Havia me esquecido do lobo... A fraqueza me toma e deito de costas no tapete de folhas, o lobo me observa.

—Gars! — Resmunga a voz exaurida de trás da árvore, que agora está ao meu lado. — Ela está morrendo...

Viro e vejo um homem amarrado na árvore. Meus sentidos se perdem e tudo escurece novamente...
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MensagemAssunto: Re: ~Destino Inesperado~ Contos I ao IV   ~Destino Inesperado~ Contos I ao IV Empty11/7/2012, 3:15 pm

Conto IV
Compensação Requerida

Desperto, ainda é noite, mas já com alguns pássaros cantando o amanhecer. Sobre mim o céu está límpido, com uma lua que clareia como uma fogueira... Não faz sentido... Esta clareira não existia há pouco, ou não estou no mesmo lugar? Estou sobre uma espécie de cama de folhas, é macio. Sento e verifico meus ferimentos, novamente desapareceram. Será este mais um pesadelo estranho...

Observo ao redor e é visível o sinal de destruição, algumas árvores tombadas, galhos para todos os lados. No limite da destruição há uma árvore que parece ser a árvore em que eu... Parece ainda haver alguém amarrado a ela... Levanto... Algo me puxa para trás, tão rápido quanto um piscar de olhos. O lobo salta sobre mim, com as patas ao redor de meu corpo e rosna com o focinho muito próximo ao meu rosto.

—Mihari! Não! — Diz uma voz familiar se aproximando. — Eu disse para não deixá-la se levantar, mas sem machucá-la.

Lembro-me da voz, é a voz que vinha de trás da árvore, mesmo que não esteja mais sôfrega, tenho certeza de que é a mesma. Não consigo ver, mas Mihari não era o nome da águia de Taumor? Qual a possibilidade desse nome incomum se repetir...

—Solte-a já! Não, espere! — Diz a voz.

Lembro-me de ter visto uma silhueta antes de cair, mas não consegui detalhes para visualizar uma fisionomia.

—Pode soltá-la! — Diz a voz de Taumor de repente. — Vamos, solte-a logo!

O lobo recua lentamente para trás, sem tirar os olhos de mim.

—Taumor! — Exclamo ao vê-lo.

É reanimador revê-lo, sinto uma satisfação que me acalma. Tenho vontade de abraçá-lo. Levanto e ele reage à ação dando alguns passos para trás, sem tirar os olhos de mim.

—Sente-se! — Diz ele cautelosamente. — Vou explicar, mas lhe advirto que Mihari ficará à espreita...

—Como assim “ficará à espreita”? — Meu sangue ferve. — Está me ameaçando?

Sua expressão não muda e eu me acalmo, mas ele não diz uma palavra. Observa-me cauteloso.

—De quem era a outra voz? — Pergunto intrigada lembrando.

Observo melhor a árvore e parece ser o baixinho quem está amarrado a ela. E Taumor permanece em silêncio...

—E Mihari não era sua águia? — Pergunto inquieta. — O que está acontecendo? Diga alguma coisa!

—Sente-se! — Diz ele sério.

—Sente-se? É só o que tem a me dizer? — Digo nervosa, avançando alguns passos em sua direção.

O lobo se põe a minha frente e rosna para mim. Encaro Taumor admirada e rio da situação, sem conseguir digeri-la.

—Isso é mesmo necessário? — Pergunto ainda com o sorriso nervoso no rosto. — Está com medo de mim?

—Nada temo. — Diz ele. — Mas embora não saiba qual é a sua percepção, dominar uma pessoa num piscar de olhos parece bem ofensivo para mim. — Diz aliviando a tensão sorrindo. — E Mihari não aprecia muito atitudes ofensivas... Mas não, isso não é necessário. Mihari! — Diz dirigindo-se a ela. — Poderia relaxar sua forma?

O lobo sequer se move.

—Mihari, por Moltiorseyf? — Diz ele.

O lobo pulsa, como vi Mihari pulsar e transforma-se em um lobo de tamanho normal.

—É mesmo Mihari... O que ela é afinal? — Pergunto intrigada.

—Não! Não é “ela”, eu acho... A menos que se refira à criatura... — Diz ele explicativo. — De qualquer forma, creio que “ele” seja mais apropriado, já que só assume formas masculinas... A verdade é que ninguém sabe o que ele é. Só que é Mihari e que é o presente de um Deus...

Observo Mihari. Ele senta e me observa, com o mesmo olhar com o qual me observou na árvore... Um olhar tranqüilo e cativante que parece ir muito além de mim...

—Seifyriem! — Chama Taumor.

Olho para ele. Estou atordoada, mas aos poucos consigo focá-lo...

—Não olhe fixamente nos olhos do Mihari. — Diz alertando-me. — Não sei o que ele faz exatamente, mas causa um tipo de fascínio... Chamei-a cinco vezes antes de me ouvir.

Percebo que estou quase olhando para Mihari novamente, mas contenho-me.

—Primeiro preciso que saiba que em momento algum quis lhe fazer mal. — Diz Taumor.

Vejo sinceridade em seus olhos, uma sinceridade que não havia até então.

—Não sei muito bem como dizer... — Diz com o olhar fixo no chão.

Ele parece ansioso e preocupado. A noite está clareando para dar lugar ao dia. Ele olha para mim novamente e agora parece decidido e em seguida inseguro.

—O que está acontecendo? — Pergunto perturbada. — E o que realmente quer de mim?

—O que eu quero? — Diz ele sorrindo. — Não Seifyriem, não é esse o ponto. — Ele baixa os olhos novamente, com um sorriso no rosto. — Apesar de eu querer muitas coisas... O que eu quero não faz diferença aqui. — Diz voltando o olhar para mim.

Seu olhar me ruboriza. Isso é ridículo, eu mal o conheço como pode significar tanto... Viro-me de costas. Respiro profundamente visualizando mentalmente os fatos ocorridos até este momento. Essas lacunas de inconsciência me perturbam, não consigo chegar a uma conclusão plausível...

—Seifyriem! — Chama ele angustiado.

Continuo de costas para ele, não quero olhar em seus olhos. Quero entender o que está acontecendo, mas o que preciso mesmo agora é idealizar uma forma de escapar do Mihari...

—Seifyriem. Vou lhe explicar o que está acontecendo, mas... — Diz ele inseguro. — Não posso fazê-lo desta forma. Posso me aproximar?

Não consigo pensar com ele falando...

—Por gentileza, permita que eu me aproxime. — Diz ele.

Ouço os seus passos, caminha em minha direção. Volto-me para ele e ambos assustamos com a proximidade. Ele ergue as mãos em sinal de rendição.

—Tudo bem! — Diz dando um passo para trás. — Não tive intenção de assustá-la.

No horizonte ao seu lado, no formato de um arco rubi e âmbar, começam a surgir os primeiros raios de sol. A um passo de distância não consigo evitar retribuir o seu olhar.

—Não consigo mais... — Diz ele decidido.

Instantaneamente ele começa a se transformar... Diminui um pouco na altura, mas permanece mais alto do que eu. As orelhas se alongam, ficam iguais as minhas. Seus olhos tonalizam o índigo e seus cabelos alongam-se até a cintura, azulados de tão negros. Suas expressões suavizam e seu corpo se harmoniza. Quando me dou conta estou tocando suas orelhas e me forço a voltar a respirar, são reais... Ele fica quieto... Ouço meu próprio coração pulsando rápido, anestesia minha mente...

—Não sou o Taumor! — Diz ele segurando gentilmente os meus ombros.

—Eu sei! — Digo pasma.

Não reajo. Ele parece estar envolto em luz, mas tenho consciência de que só eu o estou vendo desta forma. Os raios do sol acariciam sua pele, o tornando mais surreal do que já me parece. As orelhas sem dúvida prenderam minha atenção inicialmente, mas seu cabelo liso e negro emoldura o rosto de feição leve e sutil, é perfeito... Dentro de mim sinto como se algo se curasse. Não consigo explicar... Não consigo pensar...

—Se não se importa, poderia soltar minhas orelhas? — Diz ele sorrindo encabulado.

—Desculpe. — Digo soltando-as. — Nunca havia visto orelhas como as minhas...

—Nunca viu outro elfo? — Pergunta incrédulo.

—Não. — Respondo aturdida.

O observo, tentando entender esse sentimento novo... Meu coração chega a incomodar, pulsando acelerado com uma pressão esmagadora, aquecendo como se me preenchesse por dentro. Sinto-me menos solitária talvez. Ele é estonteante, de uma beleza sobre-humana. Existem mesmo outros “elfos” enfim...

—Ainda não a compreendo. — Diz ele pensativo. — Inexplicavelmente irritante em um instante, intrigante a maior parte do tempo e...

—É outra visão não é? — Digo tentando compreender. — Ainda estou sonhando, ou realmente pereci? É impossível existir alguém tão perfeito...

—Apaixonante... — Diz ele para si. — Precisa parar de me dizer coisas assim, ou não conseguirei cumprir o que prometi ao seu pai. — Diz desviando seus olhos dos meus.

—Conheceu o meu pai? — Digo intrigada. — Quem é você afinal? — Questiono voltando a mim. — Era você atrás da árvore! É a mesma voz. E quanto ao verdadeiro Taumor?

Fico aturdida com as imagens brotando em minha mente...

—Sim, eu conheço o seu pai. — Diz ele sério. — Quanto a Taumor, eu... Não sei. Só o vi em seu pensamento.

—Não consigo entender...

—Vou lhe contar tudo, desde o princípio para que possa entender. — Diz ele. — Isso vai levar um bom tempo. É melhor se sentar.

Ouço o lobo rosnar. Volto-me para ele, que num salto se transforma em uma coruja gigante. O elfo me toma em seus braços, mas Mihari o lança contra uma árvore e me agarra pelo tórax, levando-me para o alto.

—Por que, Mihari? — Questiono com dificuldade.

Uma angústia profunda me toma enquanto a pressão de suas garras me sufoca...
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